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10 de Novembro: Aniversário de Martinho Lutero

  • Foto do escritor:  Eric Rudhiery Albuquerque
    Eric Rudhiery Albuquerque
  • 10 de nov.
  • 3 min de leitura

10 de novembro, no dia de hoje, em 1483, nascia na pequena cidade de Eisleben, na Alemanha, um homem que mudaria para sempre o curso da história religiosa e intelectual do Ocidente: Martinho Lutero. Teólogo, pastor, professor e reformador, sua vida foi marcada por coragem moral, profunda fé e uma busca incansável pela verdade do Evangelho.


Mais de cinco séculos depois, o nome de Lutero continua a inspirar milhões de cristãos ao redor do mundo. Filho de uma família simples, Lutero cresceu num tempo de forte religiosidade, mas também de grande insegurança espiritual. Seu pai, Hans, desejava que ele se tornasse advogado, mas um episódio marcante mudou sua trajetória: em meio a uma tempestade, temendo pela vida, o jovem Martinho prometeu dedicar-se a Deus caso sobrevivesse. Cumprindo a promessa, ingressou no mosteiro dos agostinianos, onde buscou a paz da alma e o perdão de seus pecados com zelo incomum.


Contudo, quanto mais se esforçava, mais sentia o peso da culpa e da distância de Deus. Foi ao estudar as Escrituras que descobriu algo transformador: a salvação não é conquista humana, mas dom gratuito de Deus, recebido pela fé em Cristo. Essa verdade, expressa em Romanos 1:17: “O justo viverá pela fé”, se tornou o alicerce de toda sua teologia.


Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou suas 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. O gesto não foi uma afronta, mas um convite ao debate teológico. Ele questionava a prática das indulgências, que prometiam reduzir a pena temporal dos pecados mediante pagamento. Para Lutero, tal costume desviava a fé do essencial: a confiança exclusiva em Cristo e na graça divina.


A repercussão foi imediata. O que era um debate acadêmico se espalhou pela Europa e deu início àquilo que ficaria conhecido como Reforma Protestante, um movimento que renovou a fé cristã, inspirou novas traduções da Bíblia e fortaleceu o acesso do povo às Escrituras.


Em 1521, Lutero foi convocado à Dieta de Worms, uma assembleia imperial que exigia que ele renunciasse aos seus escritos. Diante dos príncipes e autoridades do Império, manteve-se firme: “A menos que me convençam pela Escritura e pela razão, não posso nem quero me retratar. Que Deus me ajude. Amém.”


Essas palavras ecoaram como um marco da liberdade de consciência. Lutero não buscava ruptura, mas fidelidade. Sua convicção de que a autoridade última da fé está na Palavra de Deus foi uma das bases da modernidade religiosa e do pensamento crítico ocidental.


Entre suas contribuições teológicas mais profundas está a Teologia da Cruz, uma compreensão radical do cristianismo. Para Lutero, Deus se revela não na glória humana, mas na cruz; não na força, mas na fraqueza; não nas obras humanas, mas na entrega de Cristo. Essa visão rompeu com o triunfalismo religioso e trouxe à luz uma fé realista, compassiva e profundamente humana.


A Teologia da Cruz fala ao coração de quem sofre, lembrando que Deus está presente justamente nas dores e imperfeições da vida. É uma mensagem que continua a tocar almas séculos depois, em um mundo que ainda busca sentido em meio à fragilidade.


Além de reformador, Lutero foi tradutor, músico e educador. Sua tradução da Bíblia para o alemão aproximou as Escrituras do povo comum e influenciou o próprio idioma alemão. Escreveu hinos que até hoje são cantados nas igrejas, como Castelo Forte, e defendeu a educação universal, inclusive para meninas, acreditando que o conhecimento é instrumento da fé e da liberdade.

Martinho Lutero pregando suas 95 teses
Martinho Lutero pregando suas 95 teses

Martinho Lutero não pretendia fundar uma nova igreja nem dividir a cristandade. Seu propósito era devolver à fé sua essência: o Evangelho puro, a centralidade de Cristo e a confiança na Palavra. Sua vida foi marcada por luta, oração e serviço, mas também por alegria, música e esperança.


Hoje, ao celebrar seu aniversário, o mundo recorda não apenas o reformador, mas o homem de consciência e coragem que reacendeu a chama da verdade em meio à escuridão. Lutero nos recorda que a fé não é fuga do mundo, mas força transformadora dentro dele.

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