Mato Grosso do Sul, o Estado que Vai Conectar Oceanos e Mercados
- Eric Rudhiery Albuquerque

- 9 de ago.
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A Rota Bioceânica representa muito mais do que uma obra de infraestrutura: é uma transformação estratégica que tem o potencial de mudar para sempre o papel de Mato Grosso do Sul no comércio internacional. Trata-se de um corredor rodoviário e ferroviário que ligará o Brasil aos portos chilenos no Oceano Pacífico, passando por Paraguai e Argentina.
Esse trajeto encurtará em milhares de quilômetros a distância que hoje separa os produtores brasileiros dos principais mercados da Ásia e Oceania, encurtando o tempo de transporte em até duas semanas quando comparado ao escoamento tradicional via portos do Sudeste e Sul do país. Para um estado que já é referência na produção de soja, milho, carne bovina e madeira processada, essa redução no tempo e no custo logístico é um divisor de águas.
O ponto de partida da rota, no território brasileiro, será Mato Grosso do Sul, mais precisamente pelo município de Porto Murtinho, onde está em construção a ponte internacional sobre o Rio Paraguai, conectando diretamente à cidade paraguaia de Carmelo Peralta. Dali, a rota segue por rodovias paraguaias, cruza o norte da Argentina e chega aos portos do norte do Chile, como Antofagasta e Iquique, que possuem infraestrutura moderna e acesso direto ao Pacífico.
Essa ligação terrestre é vital porque elimina a dependência de rotas marítimas que contornam o continente, além de permitir maior previsibilidade de entrega e abertura de novos mercados.
No território sul-mato-grossense, estradas como a BR-267 terão papel central para integrar as zonas produtoras ao corredor internacional, exigindo investimentos contínuos em duplicação, pavimentação e segurança viária. Além disso, centros logísticos e polos industriais próximos à rota devem ganhar força, permitindo que parte da produção seja industrializada dentro do próprio Estado antes de seguir viagem, agregando valor e aumentando a receita com exportações.
O impacto econômico projetado é expressivo. Com a Rota Bioceânica, Mato Grosso do Sul poderá consolidar-se como o grande ponto de ligação entre o agronegócio brasileiro e o comércio global, atraindo empresas de transporte, armazenagem, processamento e até mesmo multinacionais interessadas em se instalar próximas ao corredor. Esse movimento, aliado a incentivos fiscais e a uma política de fomento à inovação e à indústria, pode transformar o Estado em um dos mais dinâmicos da economia nacional.
Nesse contexto, as eleições de 2026 ganham uma importância singular. O próximo governador não assumirá apenas o papel de gestor interno, mas de líder estratégico num projeto internacional que pode redefinir o perfil econômico do Estado para as próximas décadas. Caberá a ele, ou a ela, articular-se com governos vizinhos, negociar parcerias, garantir segurança e infraestrutura para a rota, incentivar investimentos privados e promover a imagem de Mato Grosso do Sul como um player global confiável.
É necessário compromisso total com a modernização logística, desde estradas e ferrovias até portos secos e centros aduaneiros, criando um ecossistema eficiente que atraia capital e gere empregos de qualidade.
Ao mesmo tempo, o cenário externo impõe desafios. O recente aumento de tarifas comerciais por parte do governo Trump, que atinge produtos-chave brasileiros, reforça a necessidade de diversificar mercados e buscar novos destinos para nossas exportações. A Rota Bioceânica será uma ferramenta crucial para esse reposicionamento, abrindo portas para acordos comerciais mais próximos com Chile, Paraguai, Argentina, China, Japão, Coreia do Sul e outras nações do Pacífico.
O momento é de ousadia e visão. Mato Grosso do Sul está prestes a deixar de ser apenas um estado produtor para se tornar um centro de circulação de riquezas, ideias e oportunidades. A Rota Bioceânica não é apenas um caminho de asfalto e concreto; é um corredor de desenvolvimento, que exige liderança capaz de unir política, economia e diplomacia. Se bem administrada, essa oportunidade pode colocar o Estado no mapa do comércio mundial como um dos protagonistas da integração sul-americana e um exemplo de como a infraestrutura pode impulsionar a prosperidade de um povo inteiro.




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