O brasileiro que ajudou a mudar a Física
- Eric Rudhiery Albuquerque

- 17 de jul.
- 2 min de leitura

Neste mês de julho relembramos o nascimento de um dos maiores cientistas da história do Brasil. César Lattes, nascido em 11 de julho de 1924, em Curitiba (PR), foi o físico que ajudou a confirmar a existência da partícula subatômica que revolucionou o entendimento da estrutura da matéria. Morreu em 8 de março de 2005, aos 80 anos, deixando um legado importantíssimo para o Brasil.
Lattes foi um físico brilhante, filho de imigrantes italianos, e se destacou desde cedo por sua inteligência incomum. Graduado pela Universidade de São Paulo, participou de pesquisas nos Estados Unidos, Inglaterra e Suíça, sendo ainda jovem quando fez parte de uma das descobertas mais relevantes da física moderna.
Com apenas 23 anos, trabalhando ao lado dos cientistas Cecil Powell e Giuseppe Occhialini, Lattes identificou o méson pi (ou píon) em registros fotográficos tirados em placas de emulsão nuclear expostas a raios cósmicos nos Andes. Esse feito foi fundamental para a consolidação do modelo de forças nucleares proposto pela física quântica.
O Nobel de Física de 1950 foi dado a Powell por essa descoberta, e até hoje muitos cientistas consideram que Lattes foi injustamente ignorado na premiação, mesmo tendo papel essencial no experimento.
Ao voltar ao Brasil, Lattes foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), duas instituições cruciais para o desenvolvimento da ciência brasileira. Foi também professor e defensor de uma ciência voltada para os interesses nacionais, sem submissão aos modismos estrangeiros ou à política.
Sempre crítico e inquieto, Lattes rejeitou cargos políticos e se opôs à burocratização da ciência, denunciando como o Brasil desperdiçava talentos por falta de investimento e visão estratégica.
Num tempo de fake news e superficialidades, lembrar César Lattes é um ato de resistência. Estudar seus feitos é se aproximar da física, mas também da ética. É entender que a ciência verdadeira não está a serviço de governos ou empresas, mas da humanidade.
Mais do que um físico, César Lattes foi um patriota. E o que ele deixou não é apenas conhecimento, é exemplo.
Se quisermos um futuro onde o Brasil esteja entre os países que constroem o saber, e não apenas o consomem, precisamos de mais César Lattes.




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