R$ 270 mil por mês: o custo de cada deputado em meio à ampliação da Câmara
- Eric Rudhiery Albuquerque

- 27 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jun.

A partir da legislatura de 2027, a Câmara dos Deputados passará a contar com 531 parlamentares, número 18 vezes maior do que os atuais 513. A medida foi aprovada após votação expressiva no Congresso e gera questionamentos sobre custo, representatividade e equilíbrio fiscal.
A proposta, embasada no censo populacional de 2022, altera a distribuição das cadeiras entre os estados o que, segundo seus defensores, traria justiça ao critério de representação. No entanto, o projeto também implica mais salários, benefícios e gastos operacionais com novos gabinetes e equipes.
Durante a tramitação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil - AP), chegou a transferir temporariamente a presidência da sessão ao senador Nelson Trad (PSD-MS) para participar da votação. Pela regra, o presidente não pode votar, salvo em caso de desempate.
A proposta provocou reação no Senado. O senador Eduardo Girão (NOVO-CE) declarou voto contrário e criticou duramente o impacto fiscal:

“O Senado tem o dever moral de negar essa iniciativa. O Brasil vive uma crise fiscal absurda. Não é hora de ampliar despesas para privilegiar a classe política.”
Atualmente, o custo médio mensal de um deputado federal ultrapassa R$ 270 mil. Isso inclui salário base de R$ 46.366,19, verba de gabinete superior a R$ 125 mil, auxílio-moradia de R$ 4.253, cota parlamentar para viagens, alimentação e outros gastos, além de plano de saúde e possibilidade de reembolso médico em instituições privadas.
A cada novo parlamentar, esse conjunto de benefícios se repete. Na prática,
o custo anual de um deputado supera R$ 3,2 milhões o que, multiplicado pelos atuais 513, já aproxima o custo total da Câmara de R$ 8 bilhões por ano. Com o aumento aprovado, o impacto pode subir para além de R$ 9 bilhões, segundo projeções feitas por economistas ligados ao legislativo.
A medida teve apoio majoritário do PL e do PT, que juntos somaram mais de 80% de votos favoráveis entre os deputados presentes. Rede Sustentabilidade e NOVO foram os únicos partidos sem votos a favor da proposta.
Segundo dados da Câmara, a última alteração significativa no número de deputados ocorreu em 1986, e a quantidade atual de 513 parlamentares foi definida em 1993. Agora, com o censo recente, a proposta retorna à pauta com o argumento de “representatividade proporcional”, embora muitos questionem se este seria o momento adequado para ampliar o número de cadeiras.




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