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Agosto, mês de nascimento do tirano que quase levou o mundo à guerra nuclear

  • Foto do escritor:  Eric Rudhiery Albuquerque
    Eric Rudhiery Albuquerque
  • 17 de ago.
  • 3 min de leitura

No dia 13 de agosto de 1926, nasceu em Birán, em Cuba, Fidel Alejandro Castro Ruz, figura que se tornaria um dos ditadores mais longevos do século XX. Formado em Direito pela Universidade de Havana, onde começou a militar no ambiente estudantil, Fidel construiu sua trajetória política sob a bandeira do socialismo e do nacionalismo. Contudo, por trás da retórica revolucionária que seduziu gerações de intelectuais e militantes, deixou um legado de perseguições, prisões, mortes e miséria que até hoje marcam a história cubana.


Nos anos 1950, Fidel organizou o grupo que viria a ser conhecido como "Movimento 26 de Julho", ao lado de seu irmão Raúl Castro, de Camilo Cienfuegos e do argentino Ernesto “Che” Guevara. O grupo desembarcou em Cuba a bordo do iate Granma, em 1956, e, após uma guerra de guerrilha contra o regime de Fulgêncio Batista, tomou o poder em 1959.

Apesar do discurso de libertação, rapidamente instauraram um regime de partido único, eliminando adversários políticos, prendendo dissidentes e estabelecendo uma das ditaduras mais rígidas do continente. Enquanto prometiam igualdade, estruturaram um sistema no qual a liberdade individual foi sacrificada em nome do Estado.


Logo nos primeiros anos, opositores foram fuzilados em julgamentos sumários. Intelectuais críticos foram exilados, jornalistas foram censurados e qualquer tentativa de divergência política era tratada como traição. O próprio Che Guevara, idolatrado em camisetas pelo mundo, defendia campos de “reeducação” para opositores e chegou a declarar que os homossexuais eram “um exemplo da decadência burguesa”. Registros históricos apontam que gays e religiosos foram perseguidos e enviados para campos de trabalho forçado.

Enquanto a esquerda mundial até hoje tenta romantizar o regime, a realidade é que ele teria perseguido boa parte daqueles que hoje o exaltam. Qualquer voz dissonante, artistas, jornalistas, intelectuais, seria silenciada pelo regime de Fidel.


O ápice da aventura revolucionária aconteceu em 1962, quando Cuba aceitou abrigar ogivas nucleares soviéticas em seu território, desencadeando a Crise dos Mísseis. Por quase duas semanas, o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética. Fidel e Che estavam dispostos a sacrificar a própria ilha, transformando Cuba em alvo certo de retaliação nuclear. O desfecho evitou o desastre, mas mostrou a irresponsabilidade de um regime que colocou em risco a sobrevivência da humanidade em nome de sua ideologia.


Enquanto o povo cubano enfrentava décadas de racionamento, miséria, falta de liberdade de imprensa e impossibilidade de emigrar, Fidel Castro acumulava fortuna e privilégios. Relatos e investigações jornalísticas indicam que ele morreu em 2016 como um homem extremamente rico e poderoso, cercado de luxos inacessíveis à maioria dos cubanos. Estimativas feitas por publicações internacionais como a Forbes chegaram a apontar sua fortuna pessoal em centenas de milhões de dólares, acumulada em meio a uma população que vivia em escassez.


Apesar da realidade dura do regime, Fidel, Ernesto ''Che'' Guevara, Raul Castro e Camilo Cienfuegos continuam sendo exaltados em setores da esquerda mundial como símbolos de resistência. Muitos dos que hoje vestem camisas com o rosto de Che ou levantam bandeir

as com a imagem de Fidel sequer compreendem que, se vivessem em Cuba, provavelmente seriam perseguidos, presos ou silenciados.

A verdade é que, sob a retórica revolucionária, ergueu-se um sistema de opressão que deixou milhares de mortos, exilados e famílias destruídas. Mais de meio século após a revolução, Cuba continua sob um regime fechado, mergulhada em crises econômicas e sem perspectiva de liberdade plena.


Neste mês de agosto, em que Fidel completaria 99 anos, é inevitável refletir sobre seu legado. Para além da mitologia cultivada em universidades, movimentos sociais e partidos de esquerda ao redor do mundo, permanece o contraste entre o líder que morreu rico e poderoso e um povo que até hoje sofre com falta de liberdade, repressão e pobreza.

O nascimento de Fidel Castro não é apenas uma data histórica: é um lembrete de como regimes autoritários, mesmo revestidos de discursos de justiça social, podem mergulhar na tirania, sacrificar vidas humanas e colocar em risco a própria sobrevivência mundial, como na crise dos mísseis. E ainda assim, continuam a ser aplaudidos por aqueles que, ironicamente, seriam suas primeiras vítimas.


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