Campo Grande precisa reconhecer seu maior poeta
- Eric Rudhiery Albuquerque

- 9 de jul.
- 2 min de leitura

Manoel de Barros não é apenas um dos maiores poetas do Brasil. Ele é, ou deveria ser, um símbolo de Campo Grande. Viveu por décadas na cidade, escreveu boa parte de sua obra aqui, faleceu aqui, mas ainda não é verdadeiramente reconhecido pelo seu próprio povo.
Enquanto outras cidades constroem sua identidade em torno de figuras literárias e intelectuais, Campo Grande parece ter esquecido que teve, em suas ruas e varandas, um gênio da palavra. Manoel transformava o simples em extraordinário. Dava valor ao que ninguém via. Criava beleza no que era descartado. Ele falava com pedras, conversava com formigas, via nos meninos de rua a poesia que o mundo ignorava.
E hoje, o que fazemos com isso? Poucos sabem quem ele foi. Menos ainda já leram algo dele. Nosso ensino não o valoriza. Nossos espaços públicos o mencionam quase por obrigação, não por orgulho. A cidade que o acolheu, e que deveria se orgulhar disso, ainda não compreendeu a importância de ter sido lar de um poeta dessa grandeza.
A verdade é que uma cidade não muda se o povo não mudar. E os problemas de Campo Grande (a lista é grande), não são apenas culpa da política. São também resultado de um povo que não se interessa em se capacitar, que não lê, que não forma opinião, que não valoriza sua própria história.
Manoel de Barros é uma porta de entrada para esse despertar. Sua obra é acessível, encantadora, filosófica e profunda. Ele nos ajuda a ver o mundo com outros olhos, a amar o banal, a repensar a linguagem e a existência. Mas para isso, é preciso abrir um livro. É preciso querer mudar. É preciso valorizar o que é nosso.
É preciso fazer da obra dele um bem vivo, presente em todas as escolas, nos eventos culturais, nas redes sociais, nos projetos de formação da juventude.
Campo Grande não pode continuar ignorando a si mesma. O dia que todo o
nosso povo se apaixonar por Manoel de Barros, talvez se apaixone também por educação, por leitura, por consciência. E aí sim, talvez, a cidade comece a mudar de verdade.




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