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O futebol deixou de ser paixão e virou negócio?

  • Foto do escritor:  Eric Rudhiery Albuquerque
    Eric Rudhiery Albuquerque
  • 10 de jul.
  • 2 min de leitura
Redes Sociais
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O futebol mudou. E se alguém ainda tem dúvida disso, basta olhar para o que está acontecendo nos Estados Unidos. O Mundial de Clubes de 2025, promovido pela FIFA com novo formato e cifras bilionárias, já entrou para a história como o torneio mais caro, mais ambicioso e talvez o mais questionado que o esporte já viu.


Com 32 clubes participantes e quase um mês de duração, o campeonato marca a tentativa mais ousada da FIFA de transformar o futebol de clubes em um produto globalizado, com apelo comercial digno da NFL ou da NBA. E onde isso tudo nos leva? À constatação incômoda de que a paixão está sendo negociada por cifras.


A nova versão do Mundial oferece uma premiação total de 1 bilhão de dólares. O campeão levará $ 125 milhões. Só o Chelsea, que derrotou o Fluminense na semifinal por 2 a 0, já garantiu aproximadamente $ 80 milhões em receitas, enquanto o clube carioca, mesmo eliminado, embolsou cerca de $ 60 milhões.


Mas o paradoxo surge quando se olha para as arquibancadas. Na semifinal entre Chelsea e Fluminense, os ingressos despencaram de $ 474 para apenas $ 13, numa tentativa desesperada de encher o MetLife Stadium em Nova Jersey. O futebol virou produto, mas ainda não encontrou consumidores suficientes nos EUA, onde o "soccer" ainda é visto com desconfiança cultural.


O Fluminense foi valente. Representou o Brasil com dignidade e mostrou o peso da camisa tricolor. Mas a diferença entre os clubes sul-americanos e os gigantes europeus não é mais apenas técnica, é estrutural. Enquanto os clubes brasileiros ainda vivem em meio a dívidas, calendários caóticos e apostas em jogadores veteranos, os europeus jogam outro jogo: investimento, tecnologia, marketing e gestão.


E não se trata de um ou outro clube. Trata-se de um modelo. O futebol europeu se profissionalizou. O nosso ainda flerta com o amadorismo disfarçado de tradição. O resultado? Um abismo crescente que nenhum talento individual consegue mais preencher.


Essa é a pergunta que não quer calar. Quando a FIFA cria um campeonato nos moldes da Copa do Mundo, mas com clubes que representam interesses de multinacionais, fundos de investimento e oligarquias árabes, estamos falando de futebol ou de um espetáculo controlado por cifras?


O que antes era paixão, suor e identidade, agora se vê empacotado em eventos com intervalos coreografados, câmeras 4K e publicidade digital. E, enquanto isso, as torcidas organizadas no Brasil penam para pagar ingressos, manter bandeiras, viajar com os times. Estamos sendo expulsos do jogo?


É hora de refletir: o futebol brasileiro, com toda sua história e glória, ainda tem espaço nesse novo cenário? Ou seremos apenas figurantes em um palco dominado por potências econômicas e políticas? A resposta talvez esteja na coragem de repensarmos nossos clubes, nossos dirigentes, nosso calendário e, principalmente, nosso modelo de gestão.


O Mundial de 2025 nos mostrou uma dura realidade: o futebol está deixando de ser paixão para virar negócio. E, como em todo negócio, quem não se adapta... quebra.


 
 
 

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